ESTRATÉGIAS DE MOTIVAÇÃO EM SALA DE AULA


Desafios d’Arte é um evento educativo concursal de produção artística contemporânea que visa a exploração criativa de materiais, técnicas e processos artísticos que incentivam a expressão, experimentação e o autoconhecimento dos nossos alunos. Este projeto considera o professor de Artes Visuais um mediador de Saberes Históricos e Culturais que entende o papel cultural das diversas manifestações artísticas a oferecer aos alunos. Estas, ao proporcionarem a contextualização dos movimentos artísticos, estilos e influências culturais, ajudam os alunos a entender a evolução da arte e seu impacto na sociedade. Neste contexto, o projeto convidou a artista plástica Inês Moura para abordar o seu percurso e processo artístico, atendendo que:

  • a arte contemporânea é uma ferramenta para o pensamento crítico e a reflexão sobre o quotidiano;
  • a arte contemporânea (História da Arte) faz parte das orientações curriculares da lecionação das artes visuais na escolaridade básica.

Assim, o primeiro momento formativo destaca a temática “LINGUAGENS E PROCESSOS DA ARTE CONTEMPORÂNEA: testemunho do trabalho da artista” que Inês Moura* aborda através de exemplos da sua produção artística modeladora, indissociável da sua ação pedagógica, tanto na forma como organiza as suas aulas de forma laboratorial, como na própria forma curatorial como apresenta os materiais e dinâmicas em sala de aula. Para além dos exemplos práticos a artista partilhou quatro estratégias de estruturas de aula que desenvolveu em parceria com a pesquisadora, especialista em técnicas de diferenciação e motivação em sala de aula, Rhonda Bondie – da Harvard Graduate School of Education, Estados Unidos.

Juntamos os quadros síntese das “Quatro estratégias técnicas de diferenciação e motivação em sala de aula”:

  • Vista de Galeria – Todas e todos juntos!
  • Observar, ouvir e pensar …

  • Solo – Tu e os teus pensamentos apenas!
  • Olhar para dentro, focar e fazer …

  • Partilha de Ideias – Parceiros de cotovelo!
  • Ouvir, falar e alternar …

  • Estúdio Criativo – Tempo para criar e imaginar!
  • Colaborar, criar e comunicar …

 

Esta foi a estratégia aplicada no projeto O Mundo das Sombras. “Tudo começou quando … a professora desligou as luzes para chamar atenção sobre um assunto, os alunos ao verem as suas sombras refletidas na parede, começaram a brincar com as suas próprias imagens. Era o começo de um novo ano letivo, professores e alunos co-criadores e responsáveis pela aprendizagem que acontece na sala de aula começavam este projeto”. A construção do projeto teve como referência o trabalho do artista francês contemporâneo Christian Boltanski.

Após terem observado alguns dos trabalhos do artista, era hora de criarem as suas próprias esculturas e começarem a exploração materiais.

Christian Boltanski a partir de 1984, trabalha em torno do tema do teatro de sombras, reconectando-se assim com uma das mais antigas formas de criação artística. Ombres, les bougies é uma obra composta por dez estantes de lata nas quais estão fixadas dez estatuetas cuja sombra é projetada na parede à luz de dez velas. Estas marionetas espectrais, dispostas ao nível dos olhos, são pequenos demónios de arame, silhuetas filiformes que só marcam presença através da magia de uma pequena vela. Uma respiração seria suficiente para acabar com sua existência. Mas a sombra, aqui, tem mais profundidade, mais mistério, que o modelo. As sombras de Christian Boltanski têm a triste doçura das celebrações que estão terminando, dos teatros de sombras que estão sendo desmantelados, e também a violência monótona das memórias que estão desaparecendo.

 

          

O vídeo conta como tudo aconteceu no projeto O MUNDO DAS SOMBRAS 


















(*) Inês Moura (Coimbra, 1984) é artista, investigadora e professora. Licenciada em Pintura-Belas Artes (FBAUL –
2009) e Mestre em Artes e Processos Artísticos (IA-UNESP – 2013).
Após quase 12 anos a residir em São Paulo regressa a Portugal em novembro de 2020. Após o término do seu
mestrado, começa a sua carreira como docente em escolas internacionais: primeiro no St. Paul's School (2014-2018)
e depois na Avenues São Paulo - The World School (2018 - 2021), onde esteve responsável pelas disciplinas de Artes
e Design Thinking, aliando às artes à aprendizagem por projetos e metodologias processuais de criação. Entre
algumas das formações que frequentou, destacam-se: "Educating Global Citizens" (2019) e "Thinking and Learning in
the Maker-Centered Classroom" (2017) ambos pela Harvard | Graduate School of Education; “A importância da
documentação nos processos de ensino” (2020) Centro Loris Malaguzzi | Reggio Emilia Center; "Motivational
Factors of Students Learning / Differentiated Instruction Made Practical"- com - Rhonda Bondie - Project Zero -
Harvard Graduate School of Education.
Hoje reside em Coimbra e divide o seu tempo entre a sua prática artística e o Semente Atelier, uma associação de
cariz cultural e educacional da qual é directora. Faz parte do corpo docente do IPCI - Instituto de Produção Cultural
& Imagem no Porto. Desde 2009, ano em que recebeu o prémio BES Revelação, que participa em exposições
nacionais e internacionais. O seu trabalho está presente em coleções privadas e públicas. De entre as participações
principais, destacam-se as últimas duas exposições individuais que realizou em Coimbra: ENTRE MANHÃS (2024) –
Casa Museu Bissaya Barreto; INTERSTÍCIO (2023) – CAV – Centro de Artes Visuais; a residência artística, exposição e
performance SOM E GESTO EM SÍNTESE DO EXISTIR (2023) em co-autoria com Lilian Walker e Rita Maria- Centro
Cultural Penedo da Saudade; o site specific e performance CIRANDA (2023) em co-autoria com Luísa Bebiano, Nuno
Maia e design de som de Henrique Vilão – Antiga Manutenção Militar , para a exposição “O Sal que não Salga” do
coletivo Pescada Nº5 e ZOOM IN ZOOM OUT – DIÁLOGOS DAS IMAGENS COM O REAL | MNAC – Museu Nacional de
Arte Contemporânea – Museu do Chiado, LISBOA.