A HISTÓRIA conta, não acha!


ESTÁ na MODA gostar de coisas do passado mas, a HISTÓRIA conta, não acha!
A EVT é o último elo de uma evolução histórica das Artes e dos Ofícios como disciplinas curriculares no ensino básico português.
Numa breve análise da história do sistema educativo, verificamos o fato que a proximidade disciplinar dos Trabalhos Manuais com o Desenho foi sempre manifesta (nos anos 1918 e 1920; aquando dos novos programas de Trabalhos Manuais Educativos, 1954; com a criação do Ciclo Preparatório no conjunto C – Formação Plástica, 1968. Embora com laços interdisciplinares com outras áreas nomeadamente, Ciências Físico-Naturais e Estudos Sociais, 1974, a sua ligação à formação plástica é patente com a evolução do Desenho que derivou da geometria para criatividade e consequentemente para o design).
Também, no campo do Desenho, se verifica uma evolução (em meados do século vinte surgem escolas de Artes Decorativas que formam uma corrente estética com repercussões na evolução da disciplina de Desenho que derivou da geometria e do desenho do real para a criatividade. A pesquisa em psicologia sobre a percepção, o Gestaltismo, os exemplos da Bauhaus conduziram ao conceito de Educação Visual – chama-se atenção para os aspectos formais dos objetos. Para que o aluno pudesse exprimir as suas ideias necessitava de estar na posse de uma linguagem visual – exploração dos elementos visuais, que originou modelos centrados nas Artes e Ofícios)
Nos finais dos anos oitenta as práticas da Educação Visual conjugavam os vários aspectos abordados – desde o desenho, como forma de expressão e comunicação, ao desenvolvimento da percepção e de uma linguagem visual e à análise critica dos objetos e das imagens impostas pelos meios de comunicação. Ao mesmo tempo, através de abordagens interdisciplinares, os Trabalhos Manuais aproximavam-se da Educação Visual por via dos métodos, o Design torna-se popular na abordagem educativa, as explorações de materiais e técnicas e da análise dos aspectos funcionais e visuais dos artefatos.
Em 1991 a EVT emerge com um carácter ideológico de estruturação curricular de tendência científica da educação no campo da arte, assim como expressão das linhas de força que se desenhavam na prática dos professores. A denominação de disciplina Educação Visual e Tecnológica compromete-nos em pôr em prática as explorações plásticas que utilizam intencionalmente os elementos visuais.
A EVT surge, assim, integrada na configuração da área artística para o ensino básico -uma educação visual com preocupações marcadamente estéticas e uma educação tecnológica com preocupações marcadamente técnicas e científicas, área que perspectivava e promovia o alargamento sucessivo e integrado das aprendizagens através:
• das explorações plásticas e técnicas difusas, através de experiências globalizantes – na área de expressões do 1º ciclo;
• da exploração integrada de problemas estéticos e técnicos com vista à mobilização de competências para a criação e intervenção nos aspectos visuais e tecnológicos do envolvimento – educação visual e tecnológica do 2º ciclo;
• de uma educação visual com preocupações marcadamente estéticas e numa educação tecnológica com preocupações marcadamente técnicas e científicas no 3º ciclo.

Em 2012 desbaratando todo o património acumulado da EVT a tutela separou a disciplina em duas – EV e ET. Apesar disso o “espírito evt” ainda se mantém na lecionação da área artística e tecnológica.
A longa luta que a APEVT mantém pela Área Artística – Artes Visuais no 1.ºCEB, a disciplina de Educação Visual e Tecnológica no 2.º CEB e a Educação Tecnológica e Educação Visual no 3.º CEB consubstancia-se em razões de ordem histórica e de ordem psicopedagógica. Contínua a ser urgente devolver às escolas e aos alunos as condições necessárias ao ensino aprendizagem na Área Artística e Tecnológica, contrariando as tendências decorrentes que acentuam um ensino centrado na verbalização do conhecimento e nas aprendizagens formalistas e funcionalistas centradas em exercícios teóricos com valor e significado em si mesmo.