
Os professores das áreas de expressões, em particular das expressões plásticas, devem ser imunes aos descobridores do “agora tudo está mal!” A saber:
As Provas de Aferição devem ser para todo o currículo e não apenas para parte do currículo. As Provas de Aferição nas Expressões não podem ser concebidas de outra maneira, senão na modalidade “prática”. (Veja-se, em contraponto, a modalidade das Provas Nacionais para Alunos Auto-propostos em EV e ET, 2º ciclo, que o ministério anterior assinalou como provas “teóricas”.)
Provas de aferição nas Expressões, no 1º ciclo, ao existirem, enquanto experiência única a nível europeu, constituem uma mensagem conceptual de currículo integrador, uma visão holística de aprendizagem essencial, a não perder. (Na anterior legislatura seria impensável tais provas, primeiro, porque as expressões pouco interessavam como componente fundamental no crescimento educacional dos alunos, segundo, porque ao contrário da função de uma prova de aferição, o que importava era atestar a quantidade de matérias memorizadas, independentemente do processo e dos contextos de aprendizagem.)
Contudo, uma análise fina da prova de expressões plásticas provoca algumas apreensões, não tanto para quem conhece o paradigma intrínseco do IAVE, mas, para quem pretende que esta experiência seja bem-sucedida. Na verdade, o enfoque de uma prova desta natureza na motricidade fina da criança, não parece ser melhor opção para quem pretende aferir o grau de expressão, de criatividade e de capacidade em resolver problemas plásticos, de acordo com o desenvolvimento gráfico-cognitivo que se espera dos alunos do 1º ciclo. A própria apresentação de uma representação gráfica de um boneco, (gato), não parece ser o incentivo à fuga ao estereotipo. Os critérios de avaliação demonstram um caracter normativo, (exemplo: “realizar dobragens de forma estruturada seguindo instruções” como pontuação máxima, pergunta-se, e realizar dobragens de forma estruturada sem seguir instruções, não seria o máximo dos máximos, não consta! ….)
Pretendemos que estas provas melhorem e se afirmem e aqui mais uma vez se joga o “jogo da capacidade de mudança!”
A prória natureza das Provas, destinadas a aferir a eficácia do sistema, obriga à sua realização a partir da realidade de cada escola, (tema, enunciado da responsabilidade do professor titular), do trabalho cooperativo, (avaliação em situação de trabalho de grupo), com enfoque na criatividade e capacidade de resolver problemas, (componentes estruturante da área) com uma matriz universal de referencia (matriz nacional com foco no essencial), … era um bom caminho!
NOTA: Convém esclarecer que as provas de aferição não se destinam a avaliar os alunos mas sim a aferir a eficácia do sistema educativo e do processo de ensino-aprendizagem. Elas permitem, nomeadamente (artigo 24ºB do Decreto-Lei 17/2016, de 4 de abril):
– Acompanhar o desenvolvimento do currículo, nas diferentes áreas, providenciando informação regular ao sistema educativo;
– Fornecer informações detalhadas acerca do desempenho dos alunos à escola, aos professores, aos encarregados de educação e aos próprios alunos;
– Potenciar uma intervenção pedagógica atempada, dirigida às dificuldades identificadas para cada aluno.
Carlos Gomes – Presidente da APEVT