Colocação de Docentes: Amargura, e Lutar pelo Futuro.

Foi com amargura que a equipa da APEVT analisou os resultados dos concurso interno e externo de colocação de docentes disponibilizados no dia 18 de julho, no site da DGAE. A razia contínua no 240 e restantes grupos representados pela APEVT mostra as consequências da colisão entre políticas economicistas alicerçadas na crise económica que se iniciou em 2008, que deram a justificação para o desinvestimento e consequente esmagamento dos serviços públicos, e o dogmatismo de um ex-ministro da educação que apostou tudo num retrocesso do sistema de ensino aos valores do passado, valorizando apenas algumas disciplinas tidas como importantes, sobrepondo a memorização às aprendizagens práticas e dinâmicas, apostando no enviesamento do sistema, desvirtuando-o da formação individual em direção à preparação para provas e exames, anunciadas como o grande medidor do sucesso educativo.

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Do inqualificável: carreiras desperdiçadas, vidas alteradas, profissionais que continuam impedidos de dar o seu contributo para a educação.

Nos resultados dos concursos interno e externo lêem-se vidas suspensas, carreiras exterminadas pela assinatura de um decreto, milhares de profissionais que viram as suas escolhas de vida irremediavelmente alteradas. Perdas que não se medem apenas na vertente profissional. Estes professores, os nossos professores, foram impedidos de dar o seu contributo para a educação. A disciplina reduziu-se a metas espartilhadoras, mais conducentes a abordagens teóricas e formalistas do que à criatividade prática, alicerçada no conhecimento, que é o grande ponto forte de EVT. Perdemos nós, e, fundamentalmente, perderam os alunos, vítimas de uma visão retrógrada que reduz a formação do indivíduo, fim maior da educação, a uma visão restrita de desempenho académico baseado na memorização.

Conseguiremos nós, APEVT, recuperar a importância das nossas áreas disciplinares? Voltar a dignificar os nossos profissionais, mostrar à sociedade que nos rodeia que há outros caminhos que permitem uma verdadeira preparação dos nossos alunos para os desafios inesperados e impensáveis trazidos por um século XXI sujeito às pressões de uma sociedade globalizada em desenvolvimento acelerado, da automação e inteligência artificial aplicadas à economia, do aquecimento global, entre outros desafios cujo efeito já sentimos e esperam aqueles que hoje são os nossos alunos? Não será um processo fácil. Estamos empenhados na defesa e revitalização das nossas áreas artísticas, que tanto têm a contribuir quer por si, quer integradas nas abordagens CTEM que se sentem hoje como fundamentais para capacitar os nossos alunos para o sucesso interventivo no futuro.

Sozinhos, não o conseguiremos fazer. Este trabalho de revitalização passa por todos nós, individualmente nas escolas, inovando, partilhando experiências pedagógicas, dando visibilidade ao trabalho educacional nas áreas artísticas. Recusando formalismos, participando ativamente nas decisões complexas que se afiguram com as novas modalidades trazidas pela flexibilidade curricular no âmbito do Currículo para o Século XXI. A luta por EVT, e também por Educação Tecnológica, passa por todos os profissionais e não pelo delegar nos seus representantes.

Juntos, conseguiremos mais.